Na correria da vida de adulto, recebi um convite para participar de um projeto inusitado que me levou de volta a uma fase muito especial da minha infância/adolescência, época em que eu inventava histórias, adaptando para uma versão pessoal todas as ficções e personagens que eu adorava. Quantos projetos idealizei, quantas ideias tive!
Voltei, assim, aos meus dez anos de idade. Conversar com o Cacá era como conversar comigo mesmo no passado. Foram horas intensas de trocas de ideias. Eu tentava passar para o Cacá dicas de como dar uma boa liga na história, administrando sua empolgação criativa e o levando a articular as sequências. Semelhante ao que faço com meus orientandos de Medicina Veterinária, só muda o contexto e o conteúdo.
Tudo foi discutido entre nós: quais nomes eram mais bacanas, qual não tinha nada a ver; que parte da história tinha sentido ou o que estava sem pé nem cabeça... Confesso que embarquei de tal forma na nave criativa do Cacá que me senti parte de todo o processo.
O Cacá já tinha escrito e publicado “O Bestiário das Criaturas”, fonte para a história e guia de nossas conversas. Lembrei-me demais das minhas antigas fichas de RPG (role playing game) e de como eu e meus amigos gostávamos de colocar os personagens nas histórias sendo conduzidos pelo mestre. Agora, Cacá é o mestre, e todos vocês vão acompanhar a história dele.
Nosso diálogo foi inspirado e desafiador. Cada um trazia sua bagagem com alguns elementos em comum – como os jogos mais novos God of War e filmes mais recentes, como Vingadores. Outros totalmente diferentes. Eu sou mais amante dos mangás e da velha guarda de Dungeons & Dragons; o Cacá tem a referência das HQ e das novas aproximações da ficção medieval.
Tudo isso funcionava como dever de casa: nós nos preparávamos para nossos encontros e colocávamos para “duelar” as diferentes ficções e versões. Batalha que espero ter sido a primeira de muitas. Cacá tem enredo para nem sei quantos novos títulos.
Esse encontro se deu por obra de nossas maiores heroínas. Minha mãe, como editora, que me colocou nessa jornada para fazer a interlocução com o Cacá, reconhecendo nosso perfil nerd/ geek em comum. A Aninha, grande incentivadora do Cacá, que tem ouvidos atentos e apoia tudo o que esse garoto curioso, interessante e desbravador tem a oferecer.
Léo Acurcio