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A hierarquia social

Hoje quando eu andava na rua, vi um garoto negro ajoelhado aos pés de um menino branco, engraxando teus sapatos.

E logo eu fui fotografar. Um tempo depois, ao chegar em casa, fiquei pensando. Se este menino negro está nessa condição de “escravo” talvez todos sejamos escravos, escravos da mídia, da tv, da internet.

O menino aos pés do menino branco é como nós sendo os servos, os viciados da mídia social. Ela nos manipula, nós seguimos a mídia como “zumbis”. Estamos sempre atrás da popularidade, cegamente em busca dela.

Lutamos tanto pela liberdade, travamos tantas revoluções por ela, mas hoje somos escravos das máquinas que nós mesmos criamos. Também somos escravos de nós mesmos, dos famosos. Somos criados para seguir este sistema, somos um bando de robôs que seguem as vontades das máquinas, elas nos controlam, mas todos nós, se lutarmos, poderemos nos libertar.

Mais triste que aquele menino, somos nós, escravos de nós mesmos.

Ricardo Valadares Gontijo

 

Comentário sobre o texto:

O texto do Cacá nos remete às ideias de Vilém Flusser, filósofo tcheco que viveu muitos anos no Brasil, sobre o mundo dos aparelhos e dos homens transformados em funcionários.
Em sua fábula do formigueiro, Flusser imagina nossos netos “sentados cada qual na sua cela, movendo teclados e fitando terminais. Às suas costas, nos corredores do formigueiro, robôs transportarão objetos fabricados automaticamente a fim de manterem vivos os corpos atrofiados dos nossos netos (…)”*
Mas assim como Cacá, Flusser não é totalmente pessimista e acredita em uma saída para o problema da submissão às máquinas/aparelho através da criação e do jogo. Que, no final das contas, é o que o Cacá anda fazendo em seu percurso jovem percurso …

* FLUSSER, V. O universo das imagens técnicas. Elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008., p. 142

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